sábado, 13 de abril de 2024

DIA DE FEIRA – Ubireval Alencar.

 


      Um dia de Feira em Mata Grande




Não havia trânsito de carros.

Senhoras e raros idosos abriam suas portas e defronte sua calçada já obtinham verduras poucas (pimentão, alface , tomate, chuchu , cebolinha). Frutas eram limitadas conforme a estação. Sacas enormes em pé de feijão mulatinho, de corda , farinha  milho, espalhavam-se até o sinuca de seu Vieira .

Na Rua chamada de Baixo   enfileiravam-se barracas de quinquilharias e calçados e roupas embrionários das futuras lojas de butiques hoje cultivadas.

E alongava-se a diversidade de bancas de alfenins,   rapaduras, roletes de cana  e petiscos de guisados de galinha,  tapiocas de coco, quebra-queixo.

Ah tempos  e Agnelo chamado Bobinha a bradar impropérios por tudo:  BOBA PESTE !!

Chegava-se ao final da rua quase junto ao Fomento  onde havia açougue de carnes de boi , carneiro , ovelhas, porco.. E uma CACHORRADA infernal entre os transeuntes .

O cheiro do pão crioulo incensando as casas , a chaminé da padaria de seu PANTA subindo a rua Nova.

Não mais temos Peru baixeiro, Dorotilia, imensa assustando a criançada,  Vilar discursando num dia de procissão, Julia Gringa com seu pote d'água. Edite ainda continua grávida a cada Estação??

Saudades do quarteto da CARROÇA DO LIXO, O BOI DE ZE GRILO.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

DEMOCRACIA E CIDADANIA – Germano

 


Cidadania vem da palavra grega polis (cidade) e indica a forma de habitar e ocupar com responsabilidade as cidades, os centros de convivência social.

Tornar-se um cidadão significa assumir plenamente seus compromissos, deveres e direitos dentro de sua conjuntura sócio política.

 “Assumir a própria responsabilidade de construção do bem comum é exercer cidadania. Porem o exercício pleno da cidadania  só se realiza dentro da democracia onde todo poder legítimo e verdadeiro emana do povo e é exercido direta ou indiretamente por ele, especialmente na escolha livre e consciente de seus  representantes e quando os direitos humanos são plenamente  reconhecidos , respeitados e praticados (Professor Carlos Eduardo Xavier)”.

sábado, 23 de março de 2024

A VIDA NÃO É FÁCIL - Alcides


 

A vida não é fácil pra quem vive honestamente do suor do seu trabalho, que luta com dignidade todos os dias para obter o próprio sustento e de sua família e obter um mínimo de conforto.

Nessa dura labuta, muitos de nós, desistimos no meio do caminho ante os enormes desafios, e deixamos de lado a insistência no "recomeçar"!

A insistência em recomeçar é o "pulo do gato", para o alcance dos nossos objetivos. Nos recomeços temos o privilégio de usar experiências que os antigos erros e ações nos deixaram. Admitamos que uma mesma tarefa pode ser feita de modo diferente e, às vezes, com melhor resultado. A desistência não pode fazer parte do nosso repertório.

Não nos esqueçamos de que, os grandes inventos que, ontem e hoje, beneficiaram e beneficiam a humanidade, só aconteceram diante da insistência dos seus inventores. Portanto, nunca devemos pensar que podemos desistir porque fracassamos uma ou mais vezes.

Nos reanimemos, nós somos capazes!

Estávamos numa situação bem confortável e, de repente, as coisas descambaram sem sequer sabermos o por quê? Pensamos que a dificuldades não podem ser vencidas? Analisemos e nos indaguemos sobre a forma como agimos ou deixamos de agir.

Mesmo que tudo nos seja adverso, sempre nos resta o caminho do recomeço, com mais experiência e com mais determinação. É a oportunidade de fazer novos roteiros, e olhar para frente com fé e entusiasmo.

Além da experiência adquirida com os erros do passado, além do esforço físico e mental, ainda podemos contar com uma arma muito forte e poderosa a nos revigorar sempre: a fé em Deus e o incrível poder da oração. A oração, feita com sinceridade e fé, tem o poder de abrir um túnel em qualquer montanha de obstáculos, levando-nos à luz do outro lado.

A partir desta sexta-feira, decidamos jamais nos entregarmos ao desespero e à  desistência. A oração é a potente broca do ânimo que pode perfurar qualquer rocha de dificuldades. Façamos isso, porque Deus está sempre do nosso lado.

 

 

AMIZADE – Germano


Por algumas vezes já falei neste blog sobre o tema  amizade, todavia, resta lembrar que alguns dizem que o amor acaba, porém a amizade, por mais distância em que ela haja, quando do encontro, mesmo após um longo período de anos, ela permanece e se acentua.  Particularmente, tenho consciência disto, pois tenho amizades antigas e a cada vez que nos encontramos ela aumenta mais.

Recentemente, li no jornal  O DOMINGO, algo sobre O DOM DA AMIZADE, e  alguns trechos interessantes chamaram a minha atenção, então, vou transcrever e também, o que escreveu o Cardeal Tolentino Mendonça.

“A amizade é um dom precioso por meio do qual crescemos e nos edificamos como seres humanos. Ela é capaz de um encorajamento recíproco e de um cuidado permanente mesmo na distância física e uma possibilidade singular para o desenvolvimento dos dons , talentos  e aptidões que devem ser postos  a serviço da comunidade humana.”

“ Segundo o Cardeal Tolentino Mendonça,  a amizade é uma das faces do amor que precisam ser redescobertas. Por essa razão como afirma um proverbio japonês:  

“Ao lado do teu amigo nenhum caminho será longo”.

A amizade não se alimenta de encontros episódicos ou de feitos extraordinários. A amizade é um continuo. Tem sabor a vida cotidiana, a espaços domésticos, a pão repartido, a intimidade, a conversas lentas, a tempo gasto com detalhes, a risos e lágrimas, a exposição confiada, a peripécias à volta de uma viagem ou de um dia de pesca. A amizade tem sabor a hospitalidade.”

VIVER SEM AMIGOS É MORRER SEM TESTEMUNHAS.

terça-feira, 19 de março de 2024

MATA GRANDE EM SEUS 187 ANOS - Germano

  

MATA GRANDE EM SEUS 187 ANOS - Germano

Bom dia conterrâneos e amigos com os nossos agradecimentos a Diretora do Colégio Monsenhor Aloysio, pelo honroso convite para participar dessa maratona de episódios sobre a nossa querida terra Mata Grande.

Sou Germano Mendonça Alves, pequeno produtor rural, aposentado, nascido e criado na Rua Nova, atual 5 de Julho. Filho do comerciante Balbino Alves Bezerra e Luiza Villar de Mendonça.

Como tenho que falar sobre alguns aspectos da cidade, vamos seguir uma determinada ordem.

A história de Mata Grande remonta de 1640, no entanto, é considerado o seu início em 06.06.1791, quando  João Gonçalves Teixeira e sua esposa Maria Luiza, doaram uma gleba de terras para a construção da  Matriz de Nossa Senhora da Conceição e também para o Patrimônio da Igreja, cobrar o Laudêmio anual, para a sua manutenção, portanto, no meu entender  esta era a  data a ser comemorada e não 18.03.1837, quando passou a vila. Vejam que a vila já existia desde 14.01.1660, quando Sebastião de Sá e Antônio de Souza Macedo, compraram estas terras. É tanto que já foram denominadas de Cumbe, Matas de Santa Cruz, Mata do Pau Grande, Paulo Afonso e finalmente Mata Grande.

Cumbe, devido a fonte que jorra dez mil litros de água por hora.

Matas de Santa Cruz, devido  Santa Cruz do Deserto ser mais antiga que Mata Grande.

Mata do Pau Grande devido a massaranduba que João Gonçalves mandou cortar e fez uma enorme cruz frente a sua casa que deu origem a Rua da Cruz, atualmente Eustáquio Malta. Vale frisar que o local era onde hoje funciona o Correio e o Banco do Nordeste do Brasil, S/A.

Paulo Afonso, devido ao seu território se estender até a famosa cachoeira.

E em definitivo Mata Grande, devido as enormes árvores existentes no nosso torrão.

Por falar no Cumbe, o nosso município tem 338 fontes  permanentes de água, sendo as mais importante a do Cumbe a do Urubu, da Pipa a do João Felix, João Lalau, Fonte de Cima, entre tantas outras.

As suas culturas e tradições foram paulatinamente esquecidas ou deixadas de lado pelos poderes públicos.

Os sobrados e casarões foram substituídos por casas modernas. Inclusive o Ginásio Felix Moreno e a Usina de Beneficiamento de Algodão.

Os seus momentos significativos  ao  longo dos anos foram a construção da Igreja e também da Cadeia Pública e do Correio,  em seu início, como  cidade. Mas, um fato que marcou o desenvolvimento cultural aconteceu em 1959, quando foi fundado o Ginásio Felix Moreno, ao qual tantas gerações  tem gratas recordações, pois dele dependeram para encontrar as suas independências culturais e econômicas.

As transformações  dos casarios antigos por prédios modernos descaracterizou a memória cultural do patrimônio que hoje em dia daria muito mais oportunidades  ao setor de turismo, a exemplo de Água Branca e Piranhas.

A alguns anos eu chamava” a cidade do já teve “ dois vapores de descaroçar algodão e uma usina de beneficiamento, dois palcos de teatro, uma Agência do IBGE, correios funcionando normalmente, Exatoria Federal e Estadual, Estação meteorológica,  Coordenadoria Regional de Ensino, Estação abaixadora  da CHESF com aproximadamente 42 empregos  federais e estaduais cujos funcionários residiam na cidade.

O seu início foi fabuloso, já foi uma das melhores cidades do alto sertão alagoano, em todos os sentidos  se destacava,  todavia, no ano de 1950 houve um caso político atípico que serviu de divisão  entre o seu desenvolvimento e a sua estagnação .

No decorrer dos anos muitas famílias deixaram a cidade e graças ao desempenho de empresários e ruralistas o município passou novamente a se desenvolver, é tanto que cresceu na horizontal e hoje também, na vertical. Infelizmente a população não tem aumentado, devido   muitos conterrâneos que optaram por migrar para outras plagas.

Outras particularidades a registrar é que na Serra da Lagoa de Santa Cruz, fica o ponto culminante do Estado de Alagoas, que pode muito bem ser beneficiado com melhorias por parte da Prefeitura. Tem ainda a maior área territorial do Estado, não obstante, já haver perdido algumas partes para Inajá e Manari em Pernambuco e Água Branca e Inhapi em Alagoas, além de ser a  cidade onde no inverno se registram as temperaturas mais baixas do Estado.

Particularmente vejo com muita expectativa que somente o turismo religioso poderá alavancar o desenvolvimento sustentável, pois como  estamos assistindo atualmente já houve a melhoria de  hotéis, pousadas , além de bons restaurantes e casas de lanche, um comércio de bom nível, com bons supermercados, mais isto carece do apoio incondicional do poder público.

As nossas festas culturais estão hoje em dia mais modernizadas, contudo o carnaval era dos melhores do alto sertão, na Semana Santa ainda conservamos ir ao Monte Santo e Serra da Onça. A oração permanece na Igreja.

O São João já foi bastante comemorado. A Festa de Nossa Senhora da Conceição, encerra o ano com festejos.

Atualmente o  Santuário de Santa Terezinha  tem colocado o município entre os mais visitados por romeiros. Infelizmente as estatísticas não são contadas e a mídia não tem dado a devida atenção.

Para encerrar, registro que o município já teve seus homens ilustres:

Dom Manoel de Castilho Brandão, foi o primeiro bispo alagoano.

Euclides Vieira Malta – foi Governador do Estado de Alagoas.

Joaquim Paulo Vieira Malta – Foi Juiz de Direito

Manoel de Carvalho Villar – Coronel da Polícia em São Paulo.

Eraldo Cavalcante Villar – Coronel da Polícia em Pernambuco.

Djalma Mendonça – Escritor que deixou em livros A MONOGRAFIA DE MATA GRANDE, que tem norteado nossa geração.

Augusto Cesar Malta Campos - - Foi o primeiro fotografo Oficial do Brasil, entre tantos outros, além do que deixaram o nome na história sem sair de casa.

No que tange a minha vida pessoal como cidadão mata-grandense nato, iniciei como garçom no bar do saudoso Natalício Pinheiro, depois secretário da Associação Rural de Mata Grande, cujo presidente era o saudoso Eraldo Malta Brandão, Locutor da Rádio Educadora de Mata Grande, do saudoso Cristiniano Fortes Nunes, depois, Secretário Municipal da Prefeitura de Canapi, cujo prefeito na época era o saudoso João  Alvino Malta Brandão. Municipal. Neste tempo fiz concurso para o Banco do Nordeste do Brasil e passei como Praticante de Escritório e me aposentei como Gerente Geral de Agências. Atualmente me considero um pequeno produtor rural aposentado.

Muito obrigado pela oportunidade.

segunda-feira, 11 de março de 2024

A FELICIDADE – Germano


                 

No dicionário do alagoano Aurélio Buarque de Holanda, felicidade  é um substantivo feminino que quer dizer: Qualidade ou estado de feliz. 2. Bom êxito, sucesso.

Considerando ser um estágio de vida um tanto  difícil de ser plenamente completada,  a felicidade pode ser alcançada pelo próprio ser humano em pequenos gestos  e ações praticadas diuturnamente junto aos seus familiares, amigos que o rodeiam no trabalho ou mesmo em sua própria casa, senão vejamos alguns exemplos  fáceis de serem seguidos.

No jardim da sua casa, apreciando as belezas das rosas, o cantar feliz dos passarinhos, o verde das plantas e o azul do céu; ouvindo e cantando suas músicas preferidas e se possível até dançando.

Outra coisa positiva é  nunca perder a esperança por dias melhores, por mais que a situação momentânea esteja lhe colocando para baixo.

O bom mesmo é sempre acreditar  e ter fé na existência de um ser  superior e também procurar amar. Amar a Deus primeiramente, depois aos que lhe são caros e fazem parte da sua existência.

Muitas pessoas, passam a vida em um sofrimento árduo, economizando dinheiro. Mas o dinheiro não traz a felicidade plena, ele se torna apenas, um bom complemento.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

CAPELINHA DE SANTO ANTÔNIO - Ubireval Alencar

 




MARCO HISTÓRICO DA CAPELINHA DE SANTO ANTONIO.-Ubireval Alencar.

 

Com a primeira Missa em 07 Setembro de 2023, doravante, todas as grandes juras de enamorados, todos os pedidos e promessas de uniões futuras terão uma agenda de passagens pela subida da Serra da ONÇA.

Um segundo evento e futuro será a arquitetura da instalação de um BONDINHO DA SERRA DA ONÇA, regiamente planejado por arquitetos, engenheiros, com as seguras instalações sem danificação às condições estruturais petrificadas do ambiente.

E um terceiro evento futuro, terá que ser implantado aí O FAROL DE MATA GRANDE, marco revolucionário iluminador das fronteiras geográficas de AL, PE.

O mundo vive e cresce turisticamente com essas perspectivas que carecem antes de um bem elaborado e aprovado PROJETO JUNTO À CÂMARA MUNICIPAL, e constituição de uma equipe de abonados e sérios representantes para trabalharem as possibilidades, levantamento de quais órgãos estaduais e federais poderão integrar tamanha seriedade e responsabilidades.

Nunca deverá ter espaço para aproveitadores, sabotadores e ou rapinas do Erário Público. A cidade de Mata Grande ainda vive séculos de atrasos por incúrias de gestões passadas, desvios de verbas públicas e outros senões sabidos nas conversas de bar.

Um aplauso aos gestores mais esclarecidos e futuros.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

DIA DA SAUDADE - Walter Medeiros

 

DIA DA SAUDADE (30 DE JANEIRO)

Uma saudade a mais

--- Walter Medeiros

Há alguns anos a amiga jornalista e professora Nadja Lyra, então coordenadora pedagógica da Escola Municipal Santa Catarina, localizada no conjunto que tem este mesmo nome, convidou-me para proferir a Aula da Saudade dos alunos do 5º ano e sugeriu que falasse sobre “Saudade”.  Que coisa!

Passei uma semana refletindo sobre esse tema tão fascinante, a partir de experiências próprias, e versos dos poetas e músicos que tanto mexem com o nosso coração.

De cara fui logo aos anos 50, quando aprendia a ler no Grupo Escolar Professor Demócrito Gracindo (homenagem ao pai de Paulo Gracindo) em Mata Grande, cidade do alto sertão de Alagoas, aonde meu pai foi parar, matando mosquito da dengue, após passar pela guerra sem matar nenhum alemão.

Depois que aprendi a juntar as letras e sílabas, era belo entender o que estava escrito no pára-choque branco do caminhão de Nezinho, meu vizinho: “A saudade me fez voltar”. Ficava imaginando a saudade que ele sentia a cada viagem que fazia, com aquelas cargas altas de antigamente.

Em seguida, veio à mente um verso que não poderia deixar de citar na aula: “Itabira é apenas uma fotografia na parede / mas como dói!”, escrito por Drummond no seu poema “Confidências de Itabirano”. 

E o significado da palavra – substantivo feminino abstrato - segundo Aurélio: “Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia.”

Aí veio mais uma coisa interessante para aumentar a saudade, que tanto espaço ocupa nesse mundo: ela tem um dia para ser lembrada e comemorada. O Dia da Saudade – 30 de janeiro.

Vale lembrar que essa palavra não tem similar em nenhuma outra língua, e que espanhóis, ingleses, franceses, alemães e outros tentam expressar o sentimento de falta com frases inteiras, tipo “ich vermisse dish” (alemães).

Aquela platéia me reconduzia mesmo era à minha sala de aula, onde Professora Josefina Canuto me ensinava e, depois, no Externato Saturnino – já em Natal, a professora Maria das Neves trazia novidades. Coincidentemente a professora de uma das turmas se chama Neves. Impossível não lembrar de Ataulfo Alves, exclamando: “Que saudade da professorinha / que me ensinou o be-a-bá!”.

Para falar de saudade não poderia deixar de citar o Fado – gênero que tanto me toca e que tocou até Roberto Carlos, ao cantar Coimbra: “Aprende-se a dizer saudade”. Fernando Pessoa, em texto saudoso: “Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: quem são aquelas pessoas? Diremos... Que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!”

É claro que citei Casimiro de Abreu , cujos poemas eu os tinha decorados, e que versificou sua saudade da infância: "Oh! que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais!".

Segui somando saudade das ruas onde morei, dos lugares por onde passei, dos amigos com quem tanto convivi, dos cafezinhos mundo afora, das paisagens memoráveis.

Dizem que saudade não deve ir para o plural. Seria mais emocionante, porém mais dolorido. Sempre usei essa palavra no singular.

Depois de tudo aquilo, fiquei, naturalmente, com muita saudade a mais.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

ÁGUA ARDENTE – Germano

 

Segundo Augusto dos Anjos AGUARDENTE, é um substantivo feminino que significa Álcool, pinga, cachaça.

É uma bela definição a nível português. Você sabia que no Brasil, foram os escravos, trazidos  justamente pelos portugueses que, trabalhando nos engenhos se deliciavam com a água ardente dos engenhos? Pois bem, era muito forte e oriunda do caldo da cana de açúcar.

Hoje em dia existem várias aguardentes de frutas, cereais, raízes etc., porém foi em 14.11.1996 que após analises ficou evidenciada a qualidade da cachaça, com uma variação de grau até 54% de teor alcoólico.

Até hoje não se sabe a origem da água que arde, se dos gregos ou dos árabes, o que se sabe é que deste 1730 passou a ser envelhecida em toneis de madeira, melhorando suas cores e sabores.

Não resta dúvidas de que a cachaça fica mais saborosa quando originada da moagem da cana de açúcar, pois quando se trabalha com caldo de cana direto, faz-se uma correção mais cuidadosa para oferecer melhores condições de nutrição que, normalmente, não se encontram no caldo. Somente com a destilação é que se consegue um melhor teor alcóolico.

Sabe-se também que a aguardente logo depois de destilada ainda não está pronta para o consumo. Nesta fase ela tem um gosto agressivo. É a cachaça que se denomina “Cachaça de Cabeça”. Há necessidade de um período, variável de dois a três meses, de descanso para completar a sua qualidade sensorial. Em condições ambientes especiais e em repouso, as substâncias químicas da aguardente reagem entre si, formando novas substâncias químicas. Assim, outras reações químicas ocorrem até a obtenção de um equilíbrio entre as quantidades destes diversos componentes.

A aguardente envelhecida apresenta aspecto, cheiro, cor, gosto e sabor de melhor qualidade. Por isso e pelo seu maior custo de produção, seu preço no mercado também é maior. É evidente que a aguardente envelhecida será de alta qualidade se apresentar esta característica quando nova. Uma aguardente de baixa qualidade continuará ruim após o envelhecimento.

Mata Grande e Água Branca, encravadas no alto sertão alagoano, foram beneficiadas com vários engenhos, alguns ainda em atividades. Albérico Carvalho, de saudosa memória, instalou um enorme engenho, dentro dos padrões normais e montou uma destilaria, fabricando cachaça de boa qualidade. No entanto, não quis progredir. Vendia em barris, sem a menor fiscalização. Já em Água  Branca existe o Engenho que fabrica de tudo, inclusive o sorvete de rapadura que é uma delícia.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

EM BUSCA DO TESOURO PERDIDO - Pe. Antônio Iraildo Alves de Brito

 

Quando nascemos nossa primeira reação foi o choro. Nem tínhamos como saber do tesouro, daquela centelha de vida contida em nosso peito.

Ao chegarmos a este mundo reagimos  ante a alteração da temperatura e a estranheza da luminosidade, que fizeram doer os olhos e o corpo todo, em contraste com a conforto antes experimentado no ventre da nossa mãe.

Existir é adaptação. Aos poucos vamos nos adaptando a temperatura aos ruídos, aos cheiros, aos movimentos, aos sabores.  

Por vezes, para driblar as dificuldades, fazemos caretas, caras e bocas e, com o tempo, aprendemos a sorrir. Que bom o riso!

Afinal, não viemos a este mundo destinados ao sofrimento. Estamos aqui para a felicidade.

Encontrar a felicidade é o tesouro escondido, o lugar do sentido. Não tem a  ver com a grandeza, e sim com a riqueza das coisas simples. O fôlego nosso de cada dia. Acordar, respirar, sentir aromas e sabores. Tocar a profundidade da alma, do ser.

O poeta Manoel de Barros soube bem dizer a vida: “Entendo bem o sotaque das águas. Dou respeito as coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos  mais que aviões.  Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos”

O tesouro escondido é feito um passarinho, tão pequeno e frágil. Mas voa “de boa”, e nem precisa de motor. A pequenina ave é nossa sede de  voar até o eterno.  Ah, se apreendêssemos, com os sotaques das águas o quanto é bonita a comunhão de toda a criação! Tudo interligado e nenhum de nós foi feito para a solidão.

Ao virmos do ventre de nossa mãe chegamos a este mundo para uma nova  gestação. O tesouro escondido é a certeza de que estamos sendo gerados para Deus; e apesar de todos saciados e entraremos em plena posse do tesouro escondido.